diagnóstico de
doença celíaca em adultos
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n1/27.pdf
Rev Assoc Med Bras 2010; 56(1): 122-6
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n1/27.pdf
Rev Assoc Med Bras 2010; 56(1): 122-6
Tatiana Sudbrack da Gama e Silva,
Médica – Mestranda pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS
Tania Weber Furlanetto
Pós-doutorado - Chefe do Serviço de
Medicina Interna do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS
Trabalho realizado na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS
Correspondência:
Rua Luciana de Abreu,
323/206 - Moinhos de
Vento
Porto Alegre - RS
CEP: 90570-060
Resumo
Doença celíaca (DC) é uma
doença caracterizada por intolerância à ingestão de glúten, contido em cereais
como cevada, centeio, trigo e malte, em indivíduos geneticamente predispostos.
As manifestações clínicas da DC variam desde pacientes assintomáticos até
formas graves de síndromes má absortivas, podendo envolver múltiplos sistemas e
aumentar o risco de algumas neoplasias. O diagnóstico da DC, muitas vezes,
exige alto grau de suspeita. Não há um único teste para esse diagnóstico, que é
firmado após a associação de dados clínicos e laboratoriais. O primeiro passo
no diagnóstico pode ser um teste sorológico como os anticorpos
antitransglutaminase tecidual ou antiendomísio. Se a sorologia for positiva,
faz-se necessária biópsia duodenal para confirmação diagnóstica. A deficiência
de IgA, que ocorre em 3% dos pacientes com DC, pode ser causa de
falso-negativos, já que a sorologia é baseada em anticorpos IgA. Outra causa de
exames falso-negativos é a restrição de glúten na dieta, por isso, a investigação
diagnóstica deve ser realizada na vigência de dieta com glúten. O rastreamento de
DC em indivíduos assintomáticos não está indicado.
Introdução
A doença celíaca (DC) é uma
intolerância à ingestão de glúten, contido em cereais como cevada, centeio,
trigo e malte, em indivíduos geneticamente predispostos, caracterizada por um processo
inflamatório que envolve a mucosa do intestino delgado, levando a atrofia das
vilosidades intestinais, má absorção e uma variedade de manifestações clínicas.
As proteínas do glúten são relativamente resistentes às enzimas digestivas,
resultando em derivados peptídeos que podem levar à resposta imunogênica em
pacientes com DC.
As manifestações clínicas da DC podem
envolver o trato gastrointestinal, assim como pele, fígado, sistema nervoso, sistema
reprodutivo, ossos e sistema endócrino1,
2. A dermatite herpetiforme ocorre em 10%
a 20% dos pacientes e é uma manifestação patognomônica3.
Até recentemente, o diagnóstico de DC
era reconhecido apenas em pacientes com manifestações clínicas típicas ou com elevado
grau de suspeita. O diagnóstico geralmente é realizado em crianças com a
síndrome má absortiva. Após o surgimento de testes sorológicos de alta acurácia
e maior atenção dos médicos para manifestações atípicas, tem aumentado a prevalência
de DC e seu diagnóstico fora da faixa pediátrica. A prevalência é estimada em
torno de 1:100 na população em geral4.
As manifestações clínicas da DC podem
variar, conforme descrito no Quadro 15,
6:
Há importante predisposição genética
nos pacientes com DC, caracterizada pelos marcadores de superfície HLA-DQ2 e
HLA-DQ8. O glúten interage com os marcadores HLA, causando uma resposta imune
anormal da mucosa e lesão tecidual.
Uma revisão demonstrou que a relação
de pacientes com DC diagnosticada e não diagnosticada pode ser de 1:77.
Um estudo indica que mais de 36% dos
pacientes com DC, haviam recebido diagnóstico de SII (síndrome do intestino irritável)
previamente8.
Doença celíaca não tratada tem alta
morbimortalidade. Anemia, infertilidade, osteoporose, e câncer, principalmente,
linfoma intestinal, estão entre os riscos de complicação em pacientes sem
tratamento.
A investigação diagnóstica de DC deve
ser realizada antes da introdução do tratamento que é a dieta isenta de glúten,
pois a dieta pode alterar negativamente os resultados dos testes sorológicos e
melhorar a histologia9.
O diagnóstico de DC nem sempre é fácil de ser realizado. Em torno de 10% dos
casos, há dificuldade de diagnóstico por achados discordantes entre sorologia,
clínica e histologia.
O diagnóstico de DC deve ser cogitado
em todo paciente com diarreia crônica, distensão abdominal, flatulência, anemia
ferropriva, osteoporose de início precoce, elevação de transaminases, familiares
de primeiro e segundo graus de pacientes com DC, SII, hipocalcemia, assim como
na deficiência de ácido fólico e vitaminas lipossolúveis. Além disso, DC está
associada a diversas doenças como diabetes melito tipo I , hipo e
hipertireodismo, síndrome de Sjogren, cirrose biliar primária, hepatite
autoimune, autismo, depressão, epilepsia, ataxia cerebelar, infertilidade, puberdade
tardia, deficiência de IgA seletiva, Síndrome de Turner, Síndrome de Down e
neuropatia periférica 4, 6, 10-15.
Não há justificativa na literatura, no
momento, para rastreamento populacional para diagnóstico de DC.
Sorologia
Os marcadores utilizados são os
anticorpos antiendomísio (EMA) e os anticorpos antitransglutaminase tecidual
(anti-tTG), pois são sensíveis e específicos para o diagnóstico inicial de DC4.
Diversos estudos evidenciaram alta correlação de seus resultados, não sendo
necessária a pesquisa de ambos.
O desempenho da pesquisa de anticorpos
antigliadina (AGA) não é comparável aos testes supracitados e está em desuso.
Os testes sorológicos são os
responsáveis pelo reconhecimento de que a DC não é rara9.
Teste sorológico positivo sugere o
diagnóstico de DC, mas a biópsia duodenal ainda é o padrão-ouro9.
A sorologia positiva pode ficar
negativa após 6 à 12 meses após a introdução de dieta isenta de glúten.
A sensibilidade dos marcadores
sorológicos está relacionada ao grau de dano histológico na DC, tanto no
momento do diagnóstico, como no acompanhamento da aderência à DSG. É alta a
sensibilidade
dos testes sorológicos quando houver
atrofia vilosa total e diminuição progressiva desta, à medida que os achados
histológicos estão menos alterados. Logo, a sorologia negativa não exclui o
diagnóstico de DC.
Testes sorológicos podem ser usados
para avaliar a aderência do paciente à dieta isenta de glúten. Anticorpos ficam
negativos após 3-12 meses de dieta16.
Antitransglutaminase tecidual (anti-tTG IgA)
O antígeno contra o qual os anticorpos
antiendomíseo são direcionados é a enzima transglutaminase. O anti-tTG é o
anticorpo contra a transglutaminase tecidual (a enzima responsável
pela deaminação da gliadina na lâmina
própria).
Esse teste é realizado pelo método de
ELISA e utiliza como substrato a proteína de porco guinea - primeira geração
(sensibilidade 90% e especificidade 95,3%), células derivadas de eritrócitos
humanos (sensibilidade 95,1 e especificidade 98,3) ou recombinante humano -
segunda geração9.
Algumas doenças podem interferir nos resultados, levando à falso-positivos,
como doença hepática crônica, insuficiência cardíaca, artrite, diabetes melito
e doença inflamatória intestinal. Essa interfência têm
diminuído com os testes de última
geração9.
Isoladamente, é o mais eficiente teste
sorológico para detecção de DC. Pode ser realizado com uma pequena amostra de
sangue retirada do dedo.
Foi demonstrado recentemente que
tTG-Abs RIA pode ser detectado na saliva humana, evitando coleta de sangue; o
que facilita o diagnóstico de DC, especialmente em crianças. A pesquisa do
anti-tTG IgA tem alta sensibilidade para o diagnóstico de DC e para o
acompanhamento de pacientes com DSG19.
Antiendomísio IgA (EM A)
Anticorpos EMA IgA ligam-se ao endomísio,
o tecido conjuntivo ao redor do músculo liso, produzindo um padrão
característico. É detectado por
imunofluorescência indireta. É um método que demanda mais tempo, em relação ao
método de ELISA, além de ser operador-dependente9. Para sua realização usa-se esôfago
de macaco (EMA IgA 97,4% sensibilidade e 99,6% especificidade) ou cordão
umbilical humano (EMA IgA
90,2 sensibilidade e 99,6%
especificidade) como substratos para a realização do teste9.
É reconhecido que a presença do EMA é
preditiva de progressão para atrofia de vilosidades17, 18.
Anticorpos Antigliadina (AGA IgA)
Este é o marcador mais antigo e é
determinado pelo método ELISA. Os valores de referência não são constantes entre
os laboratórios. Sua eficácia é difícil de definir, pois os dados disponíveis
na literatura são heterogêneos e não permitem a comparação. Sua especificidade
é de aproximadamente 90%, a sensibilidade em torno de 85%-90% e baixo valor
preditivo positivo9.
Há outros testes com melhor
desempenho diagnóstico.
Deficiência seletiva de IgA
Deficiência de IgA é a mais comum
imunodeficiência humana e é 10-15 vezes mais comum em pacientes com DC .
Entretanto, a dosagem de IgA só deve ser realizada se houver alta suspeição
desta deficiência. Aproximadamente 3% dos pacientes com DC tem essa deficiência,
que pode causar falso-negativo nos testes sorológicos EMA, anti-tTG IgA e AGA
IgA, baseados em IgA 20.
Nos pacientes com deficiência seletiva
de IgA pode ser realizada a sorologia com IgG, tanto o EMA IgG quanto o tTGA IgG
têm excelente sensibilidade (próxima de 100%) e especificidade.
Porém, testes baseados em IgG têm
menor sensibidade e especificidade em relação aos baseados em IgA, naqueles com
níveis normais de IgA4.
Logo, se a sorologia (EMA IgA ou tTGA
IgA) for negativa em paciente com alta
suspeição de DC, deve ser dosada a IgA sérica4,
9.
Se alta suspeição de DC, com testes
persistentemente negativos, os indivíduos devem realizar tipagem para HLA e, se
positivos, devem realizar biópsia duodenal; ou alternativamente, realizar
diretamente a biópsia4, 5.
Tipagem HLA
É o primeiro passo para a investigação
de familiares de pacientes com DC. Tipagem HLA exclui um terço dos familiares de
primeiro grau e identifica indivíduos para avaliação com biópsia. Também é o
exame indicado se o indivíduo tem sorologia negativa e recusa-se a realizar a
biópsia. O alelo HLA DQ2 é
identificado em 90%-95% dos pacientes
celíacos e HLA DQ8, na maioria dos restantes. Logo, a ausência destes tem valor
preditivo negativo próximo de 100%4,
9.
A tipagem HLA também é útil para
excluir a doença em pacientes que, inadvertidamente, já estejam em DSG ou para os
indivíduos nos quais o diagnóstico não está claro.
Biópsia duodenal
O diagnóstico de DC e a introdução de
DSG para toda vida não devem ser firmados sem achados histológicos compatíveis,
independentemente do resultado dos testes sorológicos. Entretanto, também não é
aconselhável firmar diagnóstico apenas a partir do diagnóstico histológico,
pois a doença não compromete de modo uniforme o intestino e as alterações não
são exclusivamente observadas na DC. Apesar desses problemas, a biópsia intestinal
ainda é considerada o padrão-ouro do diagnóstico4.
Pacientes que apresentam sorologia
persistentemente positiva e biópsia negativa, provavelmente têm DC latente.
O número adequado de fragmentos de
biópsia da segunda porção duodenal ou mais distal está entre 4 e 6 10, 20.
Estudo recente demonstrou que quatro biópsias podem fazer o diagnóstico de DC
em 100% dos casos21,22.
As alterações mucosas têm padrão salteado, bem demonstrado em magnificação23,24,
principalmente se associado a
cromoendoscopia24;
as glândulas de Brunner e alterações pépticas podem dificultar o exame
histológico, se as biópsias forem muito proximais.
O patologista deve estar familiarizado
com o espectro das alterações compatíveis com DC; deve avaliar e descrever a infiltração
linfocitária, padrão das criptas e a atrofia vilositária.
A classificação é feita pelos critérios
de Marsh25 modificados
e de Oberhuber et al.26 A
classificação proposta por Marsh em 1992 é a mais utilizada ainda hoje. Os
sintomas do paciente
frequentemente correlacionam-se com o
grau de lesão tecidual, conforme descrito abaixo9:
•Marsh I: lesão
infiltrativa; arquitetura vilosa e mucosa normal; aumento de LIE (>30-40
linfócitos por 100 enterócitos contados).
•Marsh II: lesão
hiperplásica; semelhante ao Marsh I, mas apresenta também hiperplasia de
criptas.
•Marsh III: lesão
destrutiva; subdividido em IIIa – atrofia vilosa parcial; IIIb - atrofia vilosa
subtotal e IIIc – atrofia vilosa total.
O aumento de linfócitos
intraepiteliais (LIE), com arquitetura mucosa normal pode ser observado em
doenças autoimunes, como LES, AR, tireoidite de Hashimoto, em pacientes em uso
de anti-inflamatórios não-hormonais, na apresentação inicial de DC e na DC
latente4, 27.
Um aumento de LIE pode também refletir um estado de ativação de células T
incitada pelo glúten, distúrbios imunológicos, drogas e agentes infecciosos.
Pacientes com DC que apresentam apenas
aumento de LIE, sem alterações na arquitetura da mucosa, podem ser sintomáticos e estão sob risco
aumentado de osteoporose.
Foram publicados estudos sugerindo que
biópsias de bulbo parecem ser adequadas e, inclusive, este pode ser o único
local a demonstrar atrofia vilositária28-31.
Em pacientes que já iniciaram com DSG,
mesmo antes da biópsia de confirmação, com alta suspeição de DC e sorologia negativa,
pode ser realizado teste com dieta contendo glúten, neste caso por pelo menos
quatro semanas e, posteriormente, a biópsia. Porém alguns pacientes são
respondedores tardios e podem levar anos para alterar a histologia4.
Deve ficar bem claro que a DSG só deve
ser estabelecida após o diagnóstico firmado de DC.
O diagnóstico pode ser difícil, pois a
sorologia pode ser negativa, a doença pode ter comportamento histológico
salteado ou o número ou local das biópsias pode não ser adequado. As biópsias devem
ter tamanho suficiente, serem bem orientadas e com vilos montados para cima, em
papel de filtro, possibilitando cortes que cruzem e não tangenciais, pois estes
últimos podem levar à interpretação equivocada. O tipo de pinça parece ser
irrelevante21,32. A
inflamação da mucosa e as alterações da arquitetura podem ser mascaradas pelo
uso de corticoide e imunossupressores.
A inspeção da mucosa duodenal, durante
a endoscopia digestiva alta, é importante e pode demonstrar achados relevantes;
o endoscopista deve estar atento aos achados de atrofia vilosa, apesar deste
exame ter baixa sensibilidade. Durante a endoscopia podem ser identificados os
seguintes achados, sugestivos de DC: pregas mucosas serrilhadas, padrão em
mosaico, pregas achatadas, menor tamanho e desaparecimento das pregas com máxima
insuflação. Pacientes que realizarem endoscopia digestiva alta (EDA) por
emagrecimento, anemia, diarreia e aqueles com risco aumentados de DC (SII, DII,
doença hepática crônica, síndrome de Down, várias doenças autoimunes,
principalmente DM1), devem realizar biópsia intestinal.
Estão apresentadas no (Quadro 2)
algumas doenças que fazem parte do diagnóstico diferencial5, 33, 34.
Outros exames - Cápsula Endoscópica
Podem ser observadas anormalidades na
mucosa de pacientes com DC sem diagnóstico prévio, através do exame
de cápsula endoscópica, para
investigação de anemia por deficiência de ferro34. Nestes casos, provavelmente, a
sorologia e as biópsias de duodeno poderiam eliminar a necessidade do exame de
cápsula endoscópica. O duodeno, avaliado por endoscopia digestiva alta (EDA),
pode apresentar-se inteiramente normal, enquanto no intestino proximal e distal
são observados achados clássicos de DC, quando avaliados por cápsula
endoscópica34.
Outros exames - endoscopia com magnificação
Recentemente foi publicado artigo que
demonstra que EDA com magnificação (com OBI- optimal band imaging) de alta resolução,
permite clara visualização do padrão das vilosidades duodenais (sensibilidade,
especificidade, valor preditivo positivo e negativo de 100%). O sistema OBI
pode ter papel na otimização da acurácia da EDA na DC33.
Discussão/ Conclusão
O diagnóstico de DC é complexo,
especialmente nos pacientes assintomáticos ou com manifestações atípicas.
A biópsia intestinal é necessária para
o diagnóstico de DC, mesmo que a sorologia seja positiva. No entanto, os
achados histológicos não são específicos, por isso o diagnóstico só pode ser
estabelecido após a correlação clínica. Ainda hoje, a maioria dos pacientes com
DC não tem esse diagnóstico,
apesar de nos últimos anos a prevalência
ter aumentado em função do maior grau de suspeição e melhor acurácia dos testes
sorológicos. Não está bem estabelecido o significado do grande número de
pacientes sem diagnóstico, assim como daqueles pacientes que apresentam apenas
sintomas extraintestinais
ou não clássicos.
Conflito de interesse: não
há
Summary
Diagnosis
of celiac disease in adults
Celiac disease (CD) is found in genetically
predisposed individuals,and charaterized by an intolerance to ingestion of
gluten, contained in cereals such as barley, rye, wheat and malt. Clinical manifestations
of CD vary from asymptomatic patients to severeforms of malabsorption
syndromes, which may involve multiple
systems
and increase the risk of some malignancies. Diagnosis of CD requires a high
degree of suspicion. There is no single test for the diagnosis, which is
reached after a combination of clinical and laboratory data. The first step for
diagnosis is a serum test such as tissue antitransglutaminase, antibodies or
antiendomisio.
If serum result is positive, prompt duodenal biopsy is
necessary for diagnostic confirmation. An IgA deficiency, which occurs in 3% of
patients with DC, may lead to false-negatives because serology is based on IgA.
Another situation of falsenegativetests is diet restriction of gluten;
therefore diagnostic
investigation
must be carried out during a diet containing gluten.
The
screening for CD in asymptomatic individuals is not indicated.[Rev Assoc Med
Bras 2010; 56(1): 122-6
Key words: Celiac
disease. Diagnosis. Adult
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